segunda-feira, 24 de agosto de 2009

VOO 1145 MEMÓRIAS DO PASSADO.



Fabricio Marcelino
Esp.MMA 1960 Guiné
Leiria

MEMÓRIAS DO PASSADO
Decorria o ano de 1962,era 1º.comandante da B.A.5 o GRANDE HOMEM,então Ten.Cor.Pil.Barbeitos de Sousa,que tinha rendido o, até então comandante, Cor.Pilav.Rui Braz de Oliveira, que estava à frente do comando da Base desde 1960, (meu primeiro comandante na B.A.5).Era o 2º. comandante um Major Pilav.cujo nome foi para esquecer, porque era muito militarista e nada condescendente para com o seu pessoal.


Foto do Cor.Pilav. Manuel Barbeitos de Sousa,ao tempo Comandante da Base Aérea nº5.


O Ten.Cor.Barbeitos de Sousa,pessoa muito educada e muito compreensível,embora fosse o comandante, andava nos altos estudos militares em Lisboa e, vinha a Monte Real apenas para fazer as horas de voo.A Base era portanto comandada interinamente pelo aludido 2º comandante, do qual ninguém gostava.
Certo dia, saíu na ordem de serviço, assinada pelo 2º. comandante, que por motivos de segurança,os especialistas MMA da linha da frente, deviam a partir do dia seguinte, receber os aviões, 2 metros para dentro da volta do avião e, não na direcção dos mesmos como até aí.
No dia seguinte, foi voar no "meu avião", o 1º. comandante da Base e, eu cumpri rigorosamente a ordem dada.O Comandante quando chegou,eu coloquei-me na placa a 2m para dentro da volta do avião e, este, sem respeitar o meu sinal, veio na minha direcção com o avião.Saí-lhe da frente e fiz-lhe sinal que devia ir dar uma volta à placa dos aviões e vir de novo,o que ele respeitou.A segunda vez repetiu o mesmo,sem atender ao meu sinal, pois mantinha-me de braços abertos, ele quando entendeu fez os 90º de novo e veio na minha direcção. Repeti-lhe o sinal e, eis que o comandante foi dar mais uma volta à placa.Nesta altura, já alguns colegas me diziam que estava feito, dado que era o comandante.Quando pela 3ª.vez o comandante chegou, atendeu os meus sinais e, tudo correu normal.
De imediato e, antes de parar o motor,chamou-me e perguntou o motivo de o ter feito dar as 2 voltas à placa.Expliquei-lhe o motivo e, ele como HOMEM de grande elevação, pediu-me desculpa,porque desconhecia a determinação.Após o meu pedido de desculpa,embora eu o tivesse feito no cumprimento de uma ordem do comando,disse-me:
o senhor fez o que devia.O erro foi meu, por desconhecimento e, por tal motivo, quem tem a pedir desculpas sou eu.
Este episódio, criou-me desconforto alguns tempos, porque o comandante não o merecia.De facto podia deixar o avião fora do local e eu arrumava-o depois,mas cumpri as ordens e, ele foi o próprio a reconhecer.
Este HOMEM foi para mim, o expoente máximo,como 1º.comandante que eu conheci.
Fabrício Marcelino
VB: É bonito prestar homenagem a quem a merece quando actualmente vemos,diariamente,uma geração a perder-se e degradar-se.