quinta-feira, 27 de maio de 2010

VOO 1735 MAIS UMA GLORIOSA MULHER DE GUERRA,ACABA DE ATERRAR!








Rosa Serra
Alf.Enfª.Parqª

Parede





Em 2011 faz 50 anos que se formaram as primeiras enfermeiras pára-quedistas.



Legenda:Estas foram as primeiras mulheres que se candidataram ao 1º Curso de Enfermeiras Paraquesdistas em Portugal.
Foto:Rosa Serra


Legenda: Aqui pousando junto do seu director de curso, o Cap.Paraqª. Fausto Marques.
Foto:Rosa Serra

Foi em 1961 que entraram num quartel, que apenas estava preparado para homens, onze jovens mulheres para frequentarem o curso de pára-quedismo. Chegaram ao fim do curso apenas seis, que ficariam conhecidas comoAs Seis Marias. Foram as primeiras mulheres portuguesas a serem equiparadas a militares, e eram todas enfermeiras.
Hoje está mais divulgada a sua existência e a sua acção; contudo grande parte das pessoas desconhecem quem são essas mulheres como seres humanos e acredito até, que a maioria nem saiba o seu nome.
Eu apareci alguns anos mais tarde, em 1967, mas tenho muito gosto em deixar o meu testemunho sobre estas grandes mulheres, cujos nomes são:

-Maria Arminda Lopes Pereira
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Maria Zulmira Pereira André
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Maria Nazaré Morais
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Maria do Céu Policarpo
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Maria Ivone Quintino dos Reis
-Maria de Lurdes Rodrigues
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Legenda:Embora tenham sido "SEIS MARIAS",que no dia 08.08.1961 terminaram o curso com aproveitamento,na foto só estão cinco,faltando a Maria Nazaré que torceu um pé ao efectuar o seu 4º salto. Da esqª/Dirª. Maria do Céu,Maria Ivone,Maria de Lurdes,Maria Zulmira,Maria Armanda e o Cap.Parqª.Fausto Marques,Director de Curso.
Foto:Rosa Serra.


Legenda:Terminado o curso de imediato partiram para a guerra do Ultramar que tinha começado.Prova disso,esta foto efectuada em Luanda em Outubro de 1961,à porta pensão do casal Guilhermina e Januário,onde se pode ver da Esqª/Dirª. Maria Nazaré,Maria Arminda,Maria de Lurdes,Maria Zulmira,na companhia da Esperança,afilhada dos referidos proprietários da pensão.
Foto:Rosa Serra.

A razão que me leva a falar do primeiro curso, deve-se ao facto de elas estarem quase a fazer meio século de existência (bodas de ouro). E há cinquenta anos atrás, mulheres que entram numa unidade militar num Portugal repleto de mentes fechadas, não hesitarem, não se deixarem intimidar pelo que os outros poderiam pensar e dizerem presente logo que foram convidadas, para mim, são dignas de admiração. A elas devemos a entrada das mulheres portuguesas nas Forças Armadas. Afinal foram elas que abriram as portas às fileiras femininas.
Falarei apenas das que conheci na vida activa, como enfermeiras pára-quedistas, e que em mim despertaram grande apreço e admiração.
Embora conhecesse pessoalmente as seis, foram quatro com quem me cruzei em qualquer lugar por onde andávamos. É para estas que vai o meu olhar, com o respeito e admiração como profissionais e sobretudo como seres humanos maravilhosos que eu tive a sorte de conhecer e continuar a ter contacto frequente com todas, tal como todas elas fazem parte da minha lista de amigas.
Além do curso de pára-quedismo, também foi com elas que reforcei a minha aprendizagem na forma de reagir perante as adversidades, a gestão das minhas emoções, dos meus medos e inseguranças e antes que a onda da velhice me leve da lembrança, as pegadas da vida que trilhei em conjunto com elas, quero revelar aqui, algumas particularidades que vão para além do conhecimento geral e como são as 4 Marias que eu tanto admiro.
Com a descrição que farei individualmente de cada uma, é minha intenção em jeito de homenagem e apenas a titulo pessoal, revelar àqueles que tiverem gosto ou curiosidade em saber através deste testemunho, algumas das suas características como pessoas e o quanto elas foram importantes na minha vida e se calhar não só na minha, bons exemplos humanos.
Não falarei da Maria Nazaré, que infelizmente não está entre nós, porque apenas a conheci muito superficialmente, anos depois de ela ter saído da F.A. e pouco tempo antes de ela partir para outra dimensão.
Da Maria do Céu Policarpo também pouco tenho a dizer pois, como quase todos devem saber, o seu desempenho como enfermeira pára-quedista foi muito curto, o que limita o meu conhecimento de como ela era nessa época. Pelo que hoje conheço dela acredito que deveria ser uma jovem aventureira e alegre.
Da enfermeira Ivone também já fiz um depoimento para o blogue da Tabanca Grande (http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com), resta agora manifestar-me sobre o que penso da Maria Arminda, da Maria Zulmira e da Maria de Lurdes.
A todas elas deixo um grande abraço de agradecimento por serem minhas amigas e peço que não se zanguem por revelar algumas das vossas características à grande caserna de militares que entram neste blogue e talvez a tantos outros portugueses que, sabendo ou não da vossa existência, se por acaso entrarem neste mundo informático actual tomem conhecimento de quem eram e ainda são estas Marias de mão cheia, que apareceram em 1961 dentro das valorosas Tropas Pára-quedistas.

Rosa Serra

VB: Mais uma das que nós, muito carinhosamente,tratamos por "NOSSA MENINA" acaba de aterrar nesta base!
Que alegria receber estas verdadeiras MULHERES DA GUERRA,que tantos e tantos momentos da sua vida compartilharam connosco nas mais adversas condições.
Pois Amiga Rosa,foi com grande emoção que recebi e li esta teu depoimento,tudo mais que possa dizer só poderá adulterar o sentido do "voo",mas era muito importante que os nossos governantes o lessem,especialmente os Ministros da Defesa que passaram,e o actual,por este pobre País que vos ditou ao esquecimento.
Esperamos que, a frequência com que "menina"fazia as evacuações na referida guerra do ultramar,a faça aqui neste NOSSO espaço contando as muitas e emocionantes histórias vividas em África.