sábado, 29 de janeiro de 2011

VOO 2135 Já lá vão 43 anos!...



Victor Sotero
Sargº.Mor EABT
Damaia








Meu Comandante:
As minhas saudações Aeronáuticas ao "Comando", à "Linha da Frente" e aos "Zés" que nos visitam.

A lembrar o dia 27 de Janeiro de 1968, uma manhã fria de um Sábado.
Na muralha da Rocha Conde de Óbidos, o navio UIGE da Companhia Colonial de Navegação, fretado pelo Estado Maior do Exército, espera-nos.
Procedia-se à instalação dos militares e das bagagens no navio que recebia mais um contingente destinado ao Ultramar, Angola.
Pouco depois, o destroçar.
Corre-se para o último abraço de despedida aos familiares e amigos que nos acompanharam até ao cais.
O último adeus à Terra que nos viu nascer.
A hora da partida para terras desconhecidas do Além.
Voltaremos?
Pelas 10h00 dá-se início à formatura geral dos militares a embarcar.
Palavras bonitas de conforto acompanhadas de algumas lembranças (maços de tabaco e aerogramas) das senhoras do Movimento Nacional Feminino.
Uma rápida revista, uma alocução e finalmente um desfile pleno de tristeza que terminou com o embarque.
Pelas 12h00 do dia 27 de Janeiro de 1968, (fiz anos a 24), a Banda Militar começou com os acordes do Hino Nacional, enquanto o navio começou a
afastar-se do cais.
Lenços, muitos lenços que se agitam de gente humilde.
Gritos de Adeus e de emoções que chegam aos nossos ouvidos.

Adeus!...
Adeus!...
Não era voz de mar,
era de gente.

Nota.:- O navio chegou a Luanda no dia 08 de Fevereiro de 1968.
Com 145 metros de comprimento, uma potência de 6.850 cavalos, o UIGE navegava a cerca de 16 nós por hora.
- Para além de outros "Zés", quero aqui lembrar o Carlos Santos, (Biltro) baterista dos Diamantes Negros que connosco comemorou os seus 21 anos a bordo (não fosse um elemento da tripulação amigo do Biltro e teriamos passado fome!)
- Lembrar também o Mário Sarmento Pinto, que pouco antes de embarcar ainda foi enganado por um cigano na compra de um relógio "bonito" mas que não tinha máquina.

Meu Comandante.
Despeço-me com um até breve do "Comando", da "Linha da Frente" e de todos os "Zés".

Sotero
JCS: Como é bom recordar e partilhar estas vivências, é sinal que estamos vivos e partilhando nesta tertúlia virtual.
Um abraço,