segunda-feira, 21 de março de 2011

Voo 2211 A OUTRA FACE DE GADAMAEL.




Américo Dimas
Esp.Marme“Lobo-Mau”
Angola


A outra face de Gadamael-Porto

Ao ler o texto da mensagem (voo 2210) do nosso camarada e amigo Victor Tavares, veio-me à memória, as várias missões que lá fiz, na qualidade de tripulante do “Lobo Mau”, no ano de 1972.
De todas as vezes que fui lá ao Sul, tratou-se sempre de efectuar a protecção aérea, à coluna de viaturas que percorria aqueles vários quilómetros de picada, que ligavam as várias povoações até Gadamael-Porto.

Legenda: Dentro do “Lobo Mau” com o meu amigo Ribeiro aos “comandos”
Foto: Américo Dimas (direitos reservados)

Curiosamente, em todas essas vezes, a “Delegação Local do PAIGC” nunca nos honrou com a sua presença ou visita, quiçá porque os seus “observadores”, ao avistarem um helicóptero algo diferente dos demais, devido à sua “proeminência”, lateralmente visível, aliada à “má fama e mau carácter”, com que aquele tipo de aeronave era conhecida no seio do PAIGC e simpatizantes…, entendiam não ser o momento mais propício ou conveniente, para tais manifestações…
As missões, resumidamente consistiam em sobrevoar a dita picada, em toda a sua extensão, normalmente no sentido Norte-Sul, na tentativa de verificar algo de pudesse perturbar a normal movimentação de pessoas e bens, ou a presença do “Comité de Representação do PAIGC”, que a verificar-se, implicava proceder à sua “recepção”, em conformidade e com a “pompa e circunstância” necessárias, na qualidade de visitados (que à época éramos), após o que aterrávamos em Gadamael-Porto, ficando ali e durante algumas horas, prontos a intervir, se a isso fôssemos solicitados, até à chegada da referida coluna, após o que regressávamos a Bissalanca.
A parte realmente agradável da missão, foi sempre o aproveitamento da ida aquele local, para levar uma saca de batatas vazia e trazê-la cheia de ostras, pela módica quantia de 2$50 escudos, situação só possível quando o rio se encontrava em baixa-mar.

Depois de devidamente lavadas e cozinhadas, as ostras serviam de agradável petisco a uns quantos amigos, apenas acompanhadas com sumo de lima e devidamente regadas com cerveja ou vinho Verde.
Esta foi sempre, para mim, a parte boa das missões a Gadamael-Porto. Sei no entanto que, alguns companheiros meus noutros momentos, tiveram por vezes, muito mais “atarefado”… trabalho.
Ao jeito do José Carlos Malato, lá fui sempre muito feliz. Foram outros tempos.

Cumprimentos a todos!

Américo Dimas

Voos de Ligação:

Voo 2210 Gadamael Porto,outro inferno a sul (1) Victor Tavares