quinta-feira, 26 de maio de 2011

Voo 2344 UM ALMOÇO COM O NOSSO COMANDANTE E ALGUNS ZÉS.





Victor Sotero
Sargº.Môr EABT
Lisboa




Meu Comandante

Saudo o “Comando” a “Linha da frente” e todos os “Zés” que por aqui nos vão deitando a vista.
Por mais de uma vez que o “nosso” Comandante já me convidou para almoçar junto com outros “Zés” e várias vezes tenho recusado.
Outro convite do “nosso” Comandante.
Quase que me pede por favor. Vem!...
Movido por um sentimento de culpa, apesar de inicialmente lhe ter dito que não, passados alguns dias eis-me a telefonar-lhe e a dizer-lhe que sim senhor, poderia contar comigo apesar da distância a que me encontrava.
Na verdade, no sábado, logo pela manhã, lá me dirigi para os lados de Vouzela, cerca de quatro horas de “voo” pela estrada fora.
Chegado, apareceu-me logo o Comandante que entretanto, já me esperava.
Esperavam-me também alguns “Zés” que entretanto cumprimentei. O José Teixeira, o Ferreira, sempre com a sua máquina fotográfica, O Américo Dimas que veio passar alguns dias ao “puto”, o Jorge Mendes, que hoje não tinha treino de futebol com o seu neto, O Castelo Branco que abandonou por alguns dias a sua Ilha Terceira. Um abraço muito “Especial” ao Fernando Moutinho e ainda ao Loureiro que também se deslocou dos lados da Figueira da Foz.
Conversas de quem já não se viam à muito tempo!
Pouco depois, o dono do restaurante:
-Victor, está tudo pronto.
Com a voz de comando, o “nosso” Comandante disse:
-Vamos entrando!
Uma enorme mesa bem composta de algumas iguarias da região e algumas frigideiras com míscaros acompanhados de bocadinhos de febras.
Que petisco! Que cheirinho!
Saborear uma fritada de míscaros com febras, não é para todos os dias!
O Loureiro, conhecedor da região onde ainda aparece esta espécie da micologia, lembrou-se então de perguntar:
-E se há por aqui míscaros venenosos misturados?
-Não há de certeza, disse o “nosso” Comandante
-O meu cão “Chispas” e o meu gato “Faísca” foram os primeiros a comer. Serviram de cobaias e estão bem.
Imaginando o que poderia acontecer mas continuando o saboroso petisco, lá íamos entretendo o estômago em alegre cavaqueira.
De repente, a porta do restaurante abriu-se.
Era a Sra. D. Gracinda, a mãe do “nosso” Comandante e vinha triste.
-Victor, o “Chispas” morreu, vou cavar uma cova no quintal.
Imediatamente se ouviram cair nos pratos os talheres. Todos se levantaram e íamos olhando uns para os outros.
Água das Pedras, saltos, tudo servia para provocar o vómito
O Jorge Mendes metia um guardanapo de pano pela goela abaixo provocando assim o vómito.
O Ferreira apesar de parecer “enjoado”, tirava algumas fotos, se calhar, para alguém recordar mais tarde.
O dono do restaurante e amigo do Comandante dizia que tinha a certeza de que não havia míscaros venenosos. Tinha a certeza, porque os conhecia bem.
Entretanto, algum tempo depois, chega de novo a Sra. D. Gracinda.
-Victor, o “Chispas” já está enterrado.
O José Teixeira, incomodado e com as mãos segurando a barriga perguntou:
-Minha senhora: O cão sofreu muito?
-Não. Coitado. Ele atravessou a rua a correr, veio um carro e passou-lhe por cima. Nunca mais se mexeu. As duas rodas passaram-lhe por cima.
Olhamos todos uns para os outros. Deu-nos vontade de rir, mas não.
Sentimos alívio e voltamos a ficar mais ou menos calmos. Pedimos ao dono do restaurante que nos aquecesse as frigideiras e pedimos desculpa. Sim, porque qualquer “Zé” que tivesse estudado na nossa casa mãe, na universidade da Ota, sabe pedir desculpa.
Que alívio!...
Até ao próximo almoço, meu Comandante.
Despeço-me do “Comando”, da “Linha da Frente” e de todos os “Zés” com um até breve.

Sotero

VB: Bom-dia meu bom amigo Victor.
Verificamos que não perdeste os teus dotes de representação, que linda história nos contas, pena é que não seja real.
Fazia algum tempo que alinhavas a aeronave para esta base, que se passou?
Esperemos que retomes os teus voos no tráfego normal a que nos habituaste.