quarta-feira, 28 de março de 2012

Voo 2782 TRINTA E NOVE ANOS DEPOIS.




Fabricio Marcelino
Esp.MMA
Leiria





Caro comando e restantes colegas.
Hoje, dia 28 é mais uma data em que os clarins da Força Aérea tocam a finados.
Faz hoje 39 anos, que o nossos colega Ten.Cor.Pilav.Almeida Brito, foi abatido mortalmente, quando pilotava o Fiat G 91 na Guiné.
Tenho a noção, que nem todos os colegas terão a  minha opinião porque não podemos agradar a todos, mas, para mim, foi sempre um grande Homem.
Tive o privilégio de estar com ele na B.A.5 e no A.B.2, Guiné,pois foi o nosso comandante de missão, quando ainda era capitão.
Como já tive ocasião de dizer noutra altura,era exigente no serviço,mas muito recto e como tal sempre foi respeitado por nós.
Na Guiné foi mais evidente a amizade que sempre nos dedicou.Sempre que algo de anormal se passava,lá estava ele para nos defender,em especial do comandante do A.B.2 que era uma fera.
Um belo sábado,se não estou em erro,chamou todo o pessoal da nossa missão do F-86 e,dado que fazia um calor abrasador,mandou-nos sentar debaixo de uma árvore frondosa e fresca, que havia na Base,a seguir à placa dos T-6. Aí qual psicólogo,conseguiu com a sua maneira de ser,levantar a moral a todo o pessoal,depois de vários dias de intensos combates e, alguns dias sem dormir.
A certa altura perguntou quantos de nós não tínhamos ainda a carta de condução.Após a contagem éramos vários.Disse a seguir que queria que todos os que não a tinham, a tirassem lá antes do regresso,porque era um documento sempre necessário,quer continuassem na Força Aérea,ou na vida civil.Por tal motivo, queria que todo o seu pessoal viesse com carta de condução.Assim aconteceu e todos viemos com a dita carta.Mais casos havia para recordar a bondade deste Homem,embora exigente como disse,mas por hoje fico por aqui.
Se me permitem colegas, peço que o lembrem hoje e, por mim digo obrigado e Paz à sua Alma.
Marcelino


28 de Março de 1973,




O Comandante do Grupo, Ten Cor Brito, não teve a mesma sorte da primeira vez em que fora alvejado, juntamente com o Ten Pessoa, sendo atingido à vertical de Madina do Boé, por um míssil que provocou a explosão do seu avião.
Por volta das 12H00, o Centro de Operações informara que, segundo a DGS, estaria em curso uma reunião de altos quadros do PAIGC, em Madina do Boé, considerada a capital do território independente da região abandonada em 1969 pelas nossas Forças Terrestres (todo o sul do rio Corubal).
Embora se suspeitasse de uma armadilha, foi tomada a decisão de se fazer um reconhecimento visual da zona, a baixa altitude, pelo que foi accionada a parelha de alerta, constituída pelosTen Cor Brito e Cap Pinto Ferreira.
Chegados à área, a parelha comandada pelo Ten Cor Brito percorre para sul a estrada que vai até à base do PAIGC na Guiné Conacri, conhecida por Kamberra, a baixa altitude, o que permitiu observar um cenário de viaturas militares destruídas, desde a altura em que o Exército abandonou aquela região. Não se verificou qualquer reacção do inimigo, mesmo quando sobrevoam Kamberra .
Atingida a fronteira sul, os aviões rumam a norte em direcção a Madina do Boé. À vertical daquela posição, o nº 2 da formação, Cap Pinto Ferreira, a voar a cerca de 500 pés [, c. 150 m,] sobre o terreno, é surpreendido pela explosão do avião do Ten Cor Brito - que voava um pouco mais alto á sua frente - atingido por um Strela.
O IN lança outro míssil para o nº 2, que graças a manobras evasivas (mais de 3 "G, s") e à baixa altitude, não é atingido.
De regresso à Base e reunidos os mais altos responsáveis do Comando da Região Aérea e do Q.G., foi decidido não voltar àquele local para a recuperação do corpo do Ten Cor Almeida Brito, apesar de haver voluntários para a operação.
Naturalmente que a perda do líder do Grupo Operacional da Guiné causou grande perturbação nos pilotos, na sua maioria jovens pilotos
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