segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Voo 2627 A MINHA PASSAGEM DE ANO NA GUINÉ EM 1962.







Fabrício Marcelino
Esp.MMA
Leiria




Mais um ano vai entrar e, as nossas memórias vão-nos lembrando coisas boas e más.
Em 1962 passei o Natal na Guiné, de serviço. Na passagem do ano, fomos todos jantar a um restaurante em Bissau, por determinação do nosso comandante de missão, o então Cap.Pilav.Almeida Brito, falecido em 1973,também na Guiné, abatido por um míssil, como todos sabemos, com o posto de Ten.Cor.Pilav..Sei que para muitos colegas, ele era considerado homem duro, mas sinceramente, não podíamos ter melhor comandante, por tudo de bom que nos fez.
Embora já o tenha referido, para mim e, não só, foi um grande senhor, digno de muito respeito, como militar e como homem.


Após o jantar,(cujas fotos do mesmo junto em anexo),já um pouco entrados na bebida, o Cap.Pilav.Almeida Brito, resolveu irmos todos em marcha (à civil),até junto da estátua de Nuno Tristão, que como sabemos, descobriu a Guiné em 1446.Antes de iniciarmos a marcha, ordenou que todos devíamos levar uma garrafa vazia.
Ele era quem comandava a  marcha e, uma vez chegados ao pé da estátua, do referido Nuno Tristão, fez um grande discurso contra ele, perguntando-lhe porque motivo tinha descoberto a Guiné. Continuou dizendo que por causa dele é que nós lá estávamos e, como prova de desprezo, íamos atirar-lhe com as garrafas ao focinho.Á ordem de “mandar”, todos mandámos a nossa garrafa, alguns colegas subiram a estátua e foram lá acima dar com ela na cara. Só visto! Além do barulho dos vidros a caírem, todos nós empolgados gritámos o que nos apeteceu. Pouco depois alguns inspectores da P.I.D.E., nos cercaram e, só não deu problemas de maior, porque mais uma vez, o grande homem soube dar as voltas.

Desejo a todos um Feliz Ano-Novo
Fabrício

VB: Amigo Fabrício, antes me mais  e renovando os meus votos, desejo-te um bom ANO DE 2013,com saúde, pois o resto é o que todos nós já advínhamos.
Pois reportando-me ao Ten.Cor.Pilav.Brito, também tive o privilégio de lidar e voar com ele em DO 27. Era como nós, possuía as suas virtudes e os seus defeitos. Era realmente um homem duro mas humano. Obviamente que a situação em que nos encontrávamos não era a melhor para receber algumas das suas atitudes mais duras, algumas até atingindo limites impróprios de trato entre homens que defendiam a mesma causa. Mas houve muito pior e com funções mais elevadas.
Ainda me recordo num belo dia o João Pato a rolar na placa em cima da  “solex”,de tronco nu, demonstrando a imponência  da sua imagem através das longas barbas que usava, e o Com.Brito á porta do G.O. chamá-lo. Teve como resposta: -Já vou meu comandante! Continuou a sua voltinha e dai a pouco veio ter com ele perguntando-lhe: –Diga meu Comandante.
Vamos beber um copo. Respondeu-lhe, agarrando-o pelo braço e entrando no bar dos pilotos. Bem,o João Pato era uma figura de respeito, quer ali como em Bissau, tinha um aspecto muito grande de “apanhado do clima”! Preso-me ainda hoje de o continuar a ter com um GRANDE E BOM AMIGO.

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