domingo, 23 de junho de 2013

Voo 2828 T-BIRD - O T-33 NA BA-2 OTA


João Carlos Silva
Esp. MMA
Sobreda

Caríssimos Companheiros e Amigos,
Na sequência do Voo 2764 T-BIRD, publicado em 27 de Abril de 2013, trago-vos hoje o passo seguinte com a passagem dos T-33 pela BA2 Ota "Cumprir Além do Dever". O T-33, uma aeronave que serviu na "nossa" FAP ao longo de 38 anos, sendo um elo comum a muitos de nós que nele trabalharam, ou admiraram, ao longo dos anos.  
Os textos e fotografias são do livro T-BIRD de José Paulo Rosado, Capitão Piloto Aviador  (1991)

T-BIRD – O T-33 na BA-2 Ota “Cumprir Além Do Dever”


Foto: T-BIRD de José Paulo Rosado, Capitão Piloto Aviador  (1991)
Na Esquadra 20, os T-Birds formaram a chamada Esquadrilha “Voo Sem Visibilidade” (V.S.V.).

Além do treino de voo por instrumentos , os T-33 tinham uma segunda missão: adaptação aos aviões a jacto (um ou dois voos) dos pilotos destinados aos F-84G. Esta adaptação justificava-se plenamente na medida em que estes primeiros pilotos, sendo embora muito experientes em aviões de caça convencionais (Spitfire, Hurricane e Thunderbolt), nunca tinham tido contacto prévio com aviões a jacto.

Entre 1951 e 1955, Oficiais Pilotos do Quadro Permanente de 4 cursos da Academia Militar (um curso por ano) receberam a totalidade da instrução de pilotagem nos Estados Unidos da América, desde a instrução elementar em Piper Cub até ao treino operacional completo (“combat ready”) em F-84G, passando pelos T-33ª e F-80.

De notar que a Esquadra 20 já integrava na altura os primeiros destes pilotos formados na USAF.

Com a formação da segunda Esquadra – a 21 - , passou a Esqudrilha VSV a gozar de uma certa autonomia, servindo incipientemente as duas Esquadrilhas Operacionais, em ambos os tipos de missões atrás referidos.

Esta fase de transição para a era dos jactos foi de intensa actividade aérea, de grande expansão e de extraordinário avanço tecnológico, pelo que os T-33ª até então chegados a Portugal (entre 2 a 5) não eram suficientes para satisfazer as necessidades de instrução a ministrar.

Por outro lado, o número de instrutores qualificados também não era suficiente, já que os pilotos oriundos da caça convencional tinham cada vez menos experiência (1), o que aconselhava uma preparação mais cuidada antes de ingressarem nas esquadras operacionais. A solução inicialmente encontrada para este problema da falta de T-33’s e dos respectivos instrutores foi a de enviar os pilotos para o estrangeiro. Assim, entre 1953 e princípios de 1956, muitos dos pilotos destinados às Esquadras 20 e 21 receberam a necessária adaptação, em T-33A, numa base da NATO na Alemanha – Furstenfeldbruck.

(1) Ao contrário do que se passava com os primeiros destes pilotos, que sendo bastante experientes necessitavam apenas de 2 voos em T-33A antes de ingressarem nos monolugares F-84G.


Foto:T-BIRD de José Paulo Rosado, Capitão Piloto Aviador  (1991)
Outros, já qualificados em jacto, fizeram aí o curso de instrutores. A maioria destes últimos teve a sua formação na USAF entre 1951 e 1955, tendo alguns ficado posteriormente a exercer funções de Piloto-Instrutor em “Fursty” até 1956.


Legenda: O rigor do Inverno na Alemanha impedia os voos em muitos dias de Janeiro de 1955
Foto: T-BIRD de José Paulo Rosado, Capitão Piloto Aviador  (1991)

Legenda: Patrulha Acrobática da Luftwaffe em T-33 Shooting Star
Foto: T-BIRD de José Paulo Rosado, Capitão Piloto Aviador  (1991)

Ainda durante 1956, sete Oficiais-Alunos da Academia frequentaram um curso de instrução em T-33 no Canadá.

Esquadra 22 A primeira esquadra de T-33A

Em 1955 os T-33A são finalmente organizados numa esquadra independente – a ESQ 22.

Esta foi formada com a totalidade dos T-Birds então existentes, outros que iam sendo recebidos (2) e ainda com um pequeno destacamento de F-84G (apenas 2 pilotos).

A finalidade desta Esquadra, integrada no Grupo Operacional 201 da BA2, era ministrar o curso de transição para os jactos (agora já podia assim designar-se) a pilotos com alguma experiência em aviões de caça convencionais. O curso compreendia cerca de 40 horas de voo em todas as modalidades (voo básico, acrobacia, formação, instrumentos, navegação e voo nocturno), e ainda a adaptação ao F-84G antes de os pilotos serem finalmente entregues às Esquadras Operacionais (20 e 21).

No início de 1956, estava pois a Esquadra 22 já perfeitamente estruturada com 15 T-33A (os F-84G para voos de adaptação não estavam propriamente atribuídos a esta Esquadra), com um núcleo de instrutores quantitativa e qualitativamente adequados. Todos os oficiais foram colocados nesta Esquadra o que, com os já existentes e mais dois transferidos da Esquadra 20, perfazia a totalidade de 11 (não contando com os dois que ministravam as adaptações em F-84G). Tanto o número de aviões como o de instrutores era suficiente para as necessidades: ministrar dois ou três curso de 10/15 alunos por ano.

Poderá dizer-se, sem exagero, que naquela altura a Esquadra 22 era a sub-unidade de “elite” da FAP. Todos os instrutores eram Oficiais Pilotos-Aviadores do Quadro Permanente, a maior parte com o curso de pilotagem tirado na USAF dos mais classificados dos respectivos cursos, com o curso de instructores e com uniformização periódicas ao nível NATO. (mesmo os dois pilotos que transitaram da Esquadra 20 no início de 1956 fizeram o curso de instrutores com um núcleo de uniforamização NATO que se tinha deslocado a Portugal).

(2) No primeiro timestre de 1956 os T-33ª somavam já 15 unidades.


Legenda: No dia 1 de Julho de 1956, Dia da Força Aérea, no festival aéreo comemorativo que teve lugar no aeroporto da Portela, os T-33 desfilaram numa formação de 14 aviões.
Foto: T-BIRD de José Paulo Rosado, Capitão Piloto Aviador  (1991)



Os cursos de transição, com 40 horas de voo, terminaram quando deixou de haver pilotos oriundos da última esquadra de caças convencionais, os F-47D Thunderbolt, no final de 1956. Na totalidade, efectuaram estes cursos de transição não só pilotos de aviões de caça convencionais, mas ainda alguns pilotos oriundos do avião de caça anti-submarina Helldiver, embora a maior parte destes tenham transitado para os PV-2 Harpoon.

O T-33 na BA-3 Tancos “RES NON VERBA”

(continua)

Fontes:
T-BIRD de José Paulo Rosado, Capitão Piloto Aviador (1991)

Voos de Ligação:
Voo 2764 T-BIRD

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