Custou, mas... Finalmente, está prestes
a ver a luz do dia o livro "Nós, Enfermeiras Paraquedistas", uma obra
para a qual contribuiu um bom número de enfermeiras paraquedistas com as suas
memórias pessoais de um período muito rico da sua vida pessoal e profissional
ao serviço da Força Aérea.
O livro é pois o resultado do esforço
desse grupo de enfermeiras que decidiu dar cumprimento a um desejo da sua
colega Zulmira, infelizmente já falecida, de escrever um livro sobre a vivência
deste grupo de mulheres na Força Aérea, nos tempos da guerra do Ultramar.
Vários livros têm sido publicados sobre
a actividade das enfermeiras paraquedistas, mas nenhum por iniciativa
própria. Talvez por isso, nenhuma dessas obras traduz o que elas pensavam
e sentiam naquele que a maioria considera hoje ter sido um "período de
ouro” das suas vidas.
Nenhuma dessas obras narra os seus
sentimentos, as suas angústias, as suas alegrias, o medo que tantas vezes as
assaltava, a saudade que as corroía, as dúvidas que por vezes as intimidavam, o
sentimento de culpa pelos insucessos, o entusiasmo ou o desânimo, e muitos
outros sentimentos que as assoberbavam no dia a dia de dura labuta, em terra ou
no ar, na Metrópole, em Angola, Moçambique ou Guiné, ou ainda sobrevoando o
Atlântico nas longas evacuações de feridos. O que passaram, que caminhos
trilharam, os riscos que correram, o que viram e tudo a que assistiram, ao
serviço da Força Aérea! Era tudo isso que pretendiam contar, num livro.
Também nenhuma dessas obras descreve o
que arrastou cada uma delas para aquela “aventura”; ou o que sentiram ao entrar
num mundo exclusivo dos homens, ou como a ele se adaptaram; ou o que custou, a
quem nunca tinha sequer estado junto a um avião, saltar dele em voo, utilizando
um paraquedas que lhe colocaram nas costas, prometendo-lhe que ele ia abrir “de
certeza absoluta”. Nenhuma dessas obras refere o que, passados tantos anos,
cada uma delas pensa do que foi servir na Força Aérea como enfermeira paraquedista
e o que “isso” significou depois ao longo das suas vidas.
É tudo isto ─ não apenas as suas
memórias, mas também os sentimentos que então as acompanharam ─ e muito mais,
que quiseram expressar num livro, para deixar às gerações futuras.
Decidiram por isso que, em vez de darem
o seu contributo para a elaboração de livros de outros, deveriam tomar a
iniciativa de serem elas próprias a escrever num livro a forma como
desempenharam a sua profissão num ambiente tão diferente do tradicional, que
incluiu mesmo o de guerra. E que, para aquelas que tenham filhos e netos (e
depois virão os bisnetos e …), isso seria uma forma ─ a melhor e mais
perdurável ─ de lhes dar a conhecer algo de um período crítico da História
do seu País, mas também de eles saberem que tinham tido uma avó (bisavó,
trisavó, …) que contribuíra para essa mesma História andando na guerra, nas
missões mais arriscadas, em África (ainda para mais como voluntária!), onde
tinha passado as “passas do Algarve”, mas também usufruído de bons momentos…
No livro procuraram articular as suas
memórias dos acontecimentos ou factos que viveram ou que testemunharam, ao
longo daquele tempo. Uns são dramáticos, por vezes mesmo trágicos; outros são
divertidos, se não mesmo cómicos; outros respeitam ao dia a dia no trabalho
normal ou à forma como passavam os momentos de ócio; outros relatam a forma
como conviviam num ambiente quase exclusivamente masculino, outros evidenciam a
camaradagem e a amizade que estabeleceram com aqueles com quem trabalharam;
outros focam o relacionamento com as populações; outros referem situações
cheias de humanismo a que assistiram, sobretudo referentes aos feridos e às
suas famílias. E tanta coisa mais que tinham para contar!
Uma obra que dará certamente uma
panorâmica realista da actividade das nossas enfermeiras paraquedistas ao
serviço da Força Aérea.
O livro, que tem como aliciante um
prefácio escrito pelo Sr. Professor Adriano Moreira, será apresentado no
auditório do Estado-Maior da Força Aérea, em Alfragide, pelas 18H00 do próximo
dia 26 de Novembro.
Quando vai ser apresentado no Norte?
ResponderEliminarCaro Gil, já incentivei o Miguel Pessoa a fazer diligências para que o livro seja apresentado também cá no Norte, eventualmente no Porto.
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